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Igreja Paroquial – São Miguel de Lobrigos

Igreja Paroquial – São Miguel de Lobrigos

Protegida por um adro elevado e murado com boa cantaria, onde emergem pináculos globulares, esta igreja está pintada de branco com rodapé em cimento encarapinhado cinzento. É um templo de planta retangular com capela-mor destacada, de cércea inferior ao resto da construção, que tem a sacristia adossada ao alçado esquerdo.
O acesso à entrada da igreja faz- se por uma pequena escadaria granítica de quatro degraus com patamar. Numa primeira apreciação, evidenciam-se as cantarias relevadas das aberturas, cornija e cunhais, bem como do rodapé da torre. Nas traseiras, incrustada na parede do adro, está a capela de Justa Rita, uma “santa” de feição popular.
A porta de entrada do edifício possui moldura retangular, lavrada com iriso geométrico, tanto nas padieiras como no lintel. Epigrafada com “ANNO DOMINI” (onde presentemente apenas se lê o A, o D e o O), esta moldura sobrelevada e destacada, leva decoração lateral de pináculos piramidais com remate globular – idênticos aos da intersecção da nave com a capela-mor – e uma cruz simples, de leve almofadado. Um óculo circular envazado conclui a gramática decorativa desta fachada que possui uma cornija, do século XVIII, a acompanhar o telhado de duas águas. A frontaria culmina com pináculos piramidais laterais, de remate globular e uma cruz central simples, em tudo semelhante à da porta.
A torre sineira ergue-se altaneira, adossada ao alçado esquerdo da igreja e revela boas cantarias evidenciadas no branco da pintura que a reveste.
A entrada do primeiro piso, de arco ogival, segue-se ao nível do segundo piso um óculo de recorte oval, abrigando o último piso dois sinos.
Possui relógio de mostrador em mármore, inserido na pequena platibanda que irrompe a cornija de remate da torre. Apesar de ser um acrescento do século XX, este campanário está coroado com remate piramidal e topo esférico, assente em suporte bulbar, a dar um tom mais antigo e consentâneo com o templo.
Adossada ao alçado esquerdo da igreja encontra-se ainda a escada de acesso ao segundo piso da torre, articulada, simultaneamente, com o coro. A luz natural que entra no templo e na sacristia é coada pelas esguias janelas retangulares com moldura de aboamento.
A capela-mor terá sido alvo de beneficiação, altura em que lhe terão colocado dois pináculos piramidais com remate oval nos ângulos e a cruz central com topos prismáticos – idêntica à do arco-cruzeiro – que surgem a culminar a fachada posterior.
No interior destaca-se a exuberância do altar de talha barroca, em estilo nacional, com grande profusão de elementos decorativos típicos da época. A capela-mor possui o teto revestido com caixotões lavrados e retábulos pintados com cenas evangélicas.
Igualmente apainelado de extravagante talha barroca está o arco- cruzeiro, bem como os seus dois altares (o da epístola e o do evangelho), onde sobressaem as colunas torsas e os baldaquinos.
O teto da nave é revestido com caixotões, onde se evidenciam os motivos vegetais, florais e armoriais, a par com alguns painéis ilustrados com cenas bíblicas, sendo de lamentar o douramento com purpurina, feito nos anos 30/40 do século XX.A parte superior das paredes da nave é também apainelada com talha que enquadra as janelas e inclusive o próprio aboamento da cantaria.
No intervalo das janelas evidenciam-se, de cada lado da nave, três retábulos de madeira pintados com a seguinte cenografia:
Direita:
Painel 1: Ceia
Painel 2: Santíssima Trindade
Painel 3: Última Ceia
Esquerda:
Painel 1: Sacrifício de Isaac
Painel 2: Senhor do Mundo
Painel 3: Almas do Purgatório
No altar-mor merecem especial relevo as imagens de madeira policroma de S. Miguel (Séc. XVIII) e de Nossa Senhora da Guia (Séc. XVIII), sendo de salientar, ainda pertencentes à iconografia da igreja, um S. José (Séc. XVIII) e um S. Paulo (Séc. XVIII). A estas dever-se-ão juntar ainda as belíssimas imagens de Nossa Senhora do Rosário (Séc. XVII) e de Santa Ana e São José ambas em madeira pintada e policromada.
O coro acompanha a magnificência do interior do templo. Suportado por duas graníticas colunas de inspiração jónica, assentes sobre plintos com pias de água benta, está igualmente revestido a talha, sendo o madeiramento da parte inferior pintado com motivos vegetalistas à moda do século XVIII.