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Igreja Paroquial Santo Andre – Sanhoane

Igreja Paroquial Santo Andre – Sanhoane

Edificada no século XVIII, esta igreja está inserida num adro cingido por muro capeado, parcialmente protegido por gradeamento de ferro, com entrada ladeada por pilastras de cantaria coroadas de florões. O adro encontra-se revestido a paralelo, salvo na passagem sob os arcos do campanário, lajeada a granito e grauvaque.
O templo, de planta retangular, possui sacristia destacada e adossada ao alçado esquerdo da capela-mor.
Toda a frontaria remete para o gosto ornamental setecentista, a começar pelo portal emoldurado com pilastras de boa cantaria almofadada e decorada com
guttae
estilizadas. Revela-se, bem evidenciado, o lintel plano de motivos florais e rosetas, com ornato central figurativo de vieira, bem como o sobre lintel de almofadados retangulares e quadrangulares, simples ou entrecruzados. O portal encontra-se sobrepujado com um frontão curvo, de volutas afrontadas e interrompidas por um nicho baldaquino com relevo de concha, onde se integra a imagem de Santo André de Medim, em mármore branco. Este nicho, com almofadado lateral e cornija saliente é coroado com uma cruz. Laterais ao frontão, recortam-se duas janelas gradeadas, cujas molduras almofadadas estão de acordo com o resto das cantarias, na pretensão de criar um efeito harmonioso.
A frontaria está rematada com um frontão triangular pousado sobre a cornija e o telhado de duas águas é coroado por uma cruz de remates piramidais com botão, enquadrada por pináculos bolbares.
Adossada ao alçado direito da nave, junto à frontaria, ergue-se a torre sineira, com passagem de arco perfeito em cantaria. Sobre o arco, uma carteia barroca ondulada, com relevos florais e nervuras de concha, ensina que estamos perante a Igreja consagrada a “Santo / André / de Medim / 1779”. No penúltimo piso da frontaria da torre, além de um postigo retangular, evidencia-se um relógio de sol, de mostrador circular em granito e um frontão contracurvado de bom relevo.’ O último piso, aberto em arcos sineiros, possui dois sinos e pontifica com umas bolbares de granito colocadas nos ângulos. O campanário remata em forma de bolbo, com esguia uma central coroada de cruz de ferro lanceolada. Uma escada lateral, de dois lances, debruada com corrimão de ferro, encosta-se ao alçado direito da igreja e dá acesso ao primeiro piso da torre (o da carteia decorativa), com entrada de arco abatido e pequeno balcão de granito suportado por mísula central.
As aberturas laterais da nave principal possuem recorte triangular, com moldura de voamento, à semelhança da que ilumina a sacristia.
No remate dos ângulos de ligação da nave principal à capela-mor e na fachada posterior repetem-se os pináculos laterais e cruz central da frontaria, com dimensões mais ligeiras.
A igreja está bem datada no seu interior, dando a noção das etapas construtivas que abrangeu ao longo do século XVIIL Assim, o lintel da porta de acesso da capela-mor à sacristia, com pintura de motivos ondulados barrocos e festões florais em tons de azul, está gravado com a data de 1721.
O altar-mor, de talha dourada, profusamente ilustrativa da gramática barroca, possui colunas revestidas de folhagens, gavinhas, cachos e putti, sob um exuberante baldaquino. Nas peanhas laterais presidem as imagens do padroeiro Santo André e de Nossa Senhora do Rosário, duas belas esculturas pintadas e estofadas, bem ao gosto do séc. XVIII.
O arco-cruzeiro, datado de 1761, evidencia uma sanefa e paramentos de talha dourada mais simples que a do altar- mor. Os altares do arco-cruzeiro – tanto o do lado da epístola como o do lado dos evangelhos – erguem-se com colunas torsas que culminam com baldaquinos e sanefas pregueadas.
As capelas laterais da nave, repetem a toada geral da decoração da talha, com ondulados motivos vegetais, anjos, carteias decorativas, capiteis coríntios, conchas e festões florais, o mesmo se podendo referir a propósito das formas vegetais caprichosas e conchas que emergem das molduras e sanefas que forram as janelas.
Merece destaque o pequeno púlpito de madeira adossado à parede esquerda da nave. Apoiado num balcão de pedra e suportado por mísula com ornato de voluta, tem acesso através de uma peculiar e elegante escada de um só lance, composta de degraus de secção triangular, inseridos no alçado da igreja. Igual relevo deve ser dado aos dois retábulos geminados com moldura em talha, presentes nas duas paredes da nave e que ilustram, no lado esquerdo, O Menino entre os Doutores e a Adoração dos Reis e, no lado direito, A Visitação de Nossa Senhora e O Nascimento do Menino Deus.
Presentes, igualmente, entre a janela lateral e o coro, de cada lado da nave, um retábulo com moldura em talha que representa, respetivamente, no lado esquerdo – a Ressurreição do Senhor – e no lado direito — Nossa Senhora da Encarnação.
O teto da nave, cingido por cornija marmoreada a azul, é de madeira policroma de azuis, vermelhos e sépias sobre fundo branco, com motivos vegetais barrocos e painel central representativo da Assunção.
Sobre a entrada ergue-se o coro de madeira com balaustrada, assente sobre duas colunas com os respetivos plintos de apoio – um deles conservando, todavia, uma pia em forma de concha. O fundo do madeiramento do coro é de caixotões pintados com motivos de concha em tons de vermelho, azul e sépia. Refira-se que os confessionários de madeira atestam um primoroso trabalho de entalhamento, onde avultam as caprichosas formas florais e da
coquillage, típica da decoração barroca.
Embora as últimas obras de beneficiação datem de 1997, a igreja terá sido restaurada em 1927, altura em que pintaram o teto da capela-mor com motivos e gosto alheios ao século XVIII, perdendo-se, eventualmente, uma composição que corresponderia à magnificência denotada pelo altar.
As imagens, em madeira policromada e por vezes estofada, que o templo possui, enriquecem e valorizam o seu património, destacando-se as seguintes: Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora da Conceição, Santo André, São José, S. Joaquim, todas do séc. XVIII e Sagrado Coração do séc. XIX.
Na sacristia, de teto em masseira, suportado pelas mísulas de pedra que emergem no alçado exterior esquerdo da igreja, esta patente uma bica do século XVIII, onde se aprecia a cantaria ornada de volutas e os relevos de pináculos triangulares rematados com esferas. Aqui se abrigam um oratório do século XVII e as imagens de Santo André (madeira pintada e estofada, séc. XVIII), Senhora da Piedade (séc. XVIII) e Santa Ana (séc. XVIII ou XIX).