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Igreja Paroquial de Sao Sebastiao – Fornelos

Igreja Paroquial de Sao Sebastiao – Fornelos

O templo encontra-se integrado num pequeno adro murado com gradeamento lanceolado.
Apresenta-se com planta retangular, de torre sineira adossada ao alçado direito. A frontaria exibe um portal de cantaria bem relevada, coroada por frontão de grossas volutas afrontadas a ornatos vegetais simétricos e sinuosos.
Sobre a entrada abre-se um nicho de arco com tímpano em concha, ladeado por volutas simétricas e motivos vegetais contracurvados. Laterais ao nicho, que abriga a granítica imagem setecentista da padroeira, recortam-se duas janelas retangulares, gradeadas. Sobre a cornija que vinca a frontaria evidencia-se um frontão contracurvado interrompido. A coroá-lo, ergue-se uma altiva cruz de pedra com remates esféricos nos topos dos braços.
O campanário divide-se em quatro patamares e é recortado por uma peculiar janela de cantaria, suboctogonal, com remate pendente de coração. Exibe igualmente um relógio, com dois mostradores empedra, datado de 1821. A torre está coroada com pináculos globulares assentes em plintos e, na sua cobertura piramidal, pontifica um globo com cata-vento.
Se o alçado esquerdo do templo se apresenta simples, com uma porta e duas altas janelas de moldura com voamento, o alçado direito tem duas capelas laterais bem destacadas. A primeira, junto à entrada lateral, funciona voltada para o interior da nave e está recortada com uma janela de moldura de voamento e ornada com pináculos globulares a ladearem uma cruz almofadada central, erguida no topo do telhado de duas águas. A segunda, paredes-meias com a anterior, é dedicada a Nossa Senhora de Lourdes.
Possui, concebida em cimento, a característica representação da gruta onde Nossa Senhora aparece à vidente e nem sequer lhe falta um pequeno lago onde goteja a água que escorre das estalactites. Aberta apenas ao exterior, com um portal neogótico protegido por gradeamento forjado, possui dois postigos laterais. Uma carteia sobre a entrada informa que foi erigida em 1918, em cumprimento de um voto feito por dois irmãos – Joaquim e Acácio. Dois pináculos, em forma de obelisco, ladeiam o topo da fachada desta capela, coroada com uma cruz toreada.
A sacristia, igualmente a sobrecarregar o alçado direito, desta feita da capela-mor, oculta parcialmente as duas janelas de arco abatido – simétricas e idênticas às do lado esquerdo – que rasgam a parede e iluminam o interior da igreja. Dá ideia que tanto a sacristia como a capela-mor terão sofrido no século XIX uma reconstrução que lhe terá conferido o atual especto. O mesmo se poderá dizer das cornijas laterais da nave, obra que terá ocorrido na altura de uma eventual beneficiação do campanário. No topo das empenas do arco-cruzeiro erguem-se plintos semelhantes aos que decoram a frontaria e uma cruz central simples, ao passo que o topo da capela-mor exibe pináculos globulares e uma cruz central, de secção circular, com remates de bolbo.
Não pode deixar de ser lembrada a porta de entrada da igreja, com um almofadado geométrico de grande relevo, que denota requinte de talhador exímio.
No interior, o altar-mor, de talha surge numa policromia marmoreada de bege, azul, rosa e marfim que só valoriza e evidencia os ornatos dourados que o compõem. Nos dois baldaquinos estão as imagens de S. Sebastião, de traça recente e a de Santa Bárbara, que apesar do restauro evidencia a sua filiação setecentista.
O teto da capela-mor ostenta uma representação alegórica da Ascensão, de gosto barroco, à semelhança da talha das sanefas que pontuam as portas e as janelas do mesmo espaço.
O arco-cruzeiro possui o intradorso com pintura marmoreada numa representação de almofadado, em tons de bege, castanho e dourado. Ao centro pontifica a imagem setecentista de Cristo crucificado, sobre um retábulo pintado com moldura de talha. O resto do arco- cruzeiro está apainelado com talha de inspiração rocaille, onde se expandem sinuosos frisos vegetais e exuberantes motivos assimétricos em forma de concha. Uma vez mais, surge igualmente a pintura marmoreada em tons de verde, bege, sépia e marfim. Laterais ao arco- cruzeiro, dois elegantes altares prosseguem a mesma estética decorativa.
Os altares da nave, de talha barroca, possuem sanefas, baldaquinos e a típica decoração de vieiras e estilizados motivos vegetais, à qual o tipo de pintura já referido confere o dinamismo e a teatralidade tão caros à centúria de setecentos. Chama-se especial atenção para o altar de S. Miguel que preside a uma representação do Purgatório de inspiração setecentista e para o altar de Nossa Senhora das Graças feito em talha rocaille.
A capela lateral, aberta à nave, mas resguardada por gradeamento forjado, possui uma carteia sobre a entrada que informa da construção feita a expensas do Reverendo Padre Manuel Martins Ribeiro, para si e seus herdeiros, em 1674: ESTA CAPELA MANDOU / FAZER O VER. PADRE MANUEL / M. VZ. RIBEIRO PARA SI E / SEUS HERDEIROS 1674.
Se o seu teto está pintado à maneira barroca, com caprichosos motivos vegetais e florais em tons de azul, amarelo, vermelho, sépia e cinza, o altar é, contudo, uma jóia da renascença italiana, onde o ouro da talha se envolve com o marmoreado bege, sépia e cinza da pintura. Abriga uma escultura tríptica setecentista, representativa de Santa Ana, da Virgem e do Menino.
O teto da nave da igreja está pintado ao gosto barroco e é evocativo da Ascensão do Senhor, sublinhada lateralmente com motivos arquitetónicos em trompe l’oeil.
Predominam os tons já envelhecidos de vermelho, azul, carmim e sépia, sobre fundo branco.
Ainda na nave evidencia-se o púlpito — com uma bela pintura de cariz vegetalista e base.de pedra datada de 1718 — com varanda, sanefa e corrimão de escada em madeira, as molduras e sanefas de talha das janelas e portas laterais, bem como as molduras dos confessionários, tudo de inspiração rocaille.
O coro de madeira possui o tabuado pintado com grinaldas de figuração vegetal e floral, ao gosto barroco, numa paleta cromática de verdes, azuis, vermelhos e sépias, sobre base branca.
A pintura está, de resto, bem presente como parte fundamental do aparato cénico da igreja, tanto na cornija da nave, em marmoreado cinza e sanguíneo, como na cornija da capela-mor, dourada e marmoreada de cinza, amarelo e salmão.