Igreja Paroquial do Divino São Salvador – Medroes
Construção de planta retangular, com boas cantarias de rodapé, molduras de portas e janelas, cunhais, cornija e motivos ornamentais.
A frontaria denota uma grande beneficiação, ocorrida provavelmente no século XIX, A uma entrada de arco abatido e moldura almofadada, rematada por volutas laterais junto ao rodapé, evidencia-se superiormente uma carteia sub-rectangular, anepígrafa e decorada com volutas que prepara a base de um janelão retangular, gradeado, com remate arqueado. Este remate obriga ao acompanhamento em ressalto arqueado central da cornija, que funciona como base para uma carteia- oval de singela moldura e fecho central de onde pendem ornatos vegetalistas.
A frontaria é culminada por um frontão contracurvado e sobrelevado, cujo tímpano é preenchido pela carteia oval, já enunciada, e o vértice é coroado com um plinto onde assenta uma cruz toreada de braços com remate de campânula.
Pináculos bolbares com remate cónico pontuam os topos de todos os ângulos da igreja, conjugando-se com as cruzes toreadas e simples ao centro do arco-cruzeiro e da capela-mor. Se esta última evidencia ainda a cornija de filiação setecentista, a nave denota, contudo, uma cornija que será coeva de obra feita no século XIX.
A torre sineira encontra-se adossada ao alçado direito do edifício. Evidencia quatro pisos, possuindo um relógio de mostrador em mármore no penúltimo, e três sinos abrigados nas arcadas do patamar superior. O seu remate de feição bolbar é flanqueado por pináculos semelhantes aos do resto da construção.
Uma sacristia alongada e adossada ao alçado direito complementa este templo que radicará a sua edificação no século XVIII, alterada, ou pelo menos beneficiada, em época oitocentista.
No interior está presente um altar- mor de gosto neoclássico, pintado, que confere leveza ao templo. O teto da capela-mor foi pintado pelo Padre Manuel Mendes, em meados do nosso século, com motivos evocativos do Reino dos Céus, muito figurado, onde sobressai a representação central da Ascensão. As portas laterais da capela-mor – uma dá acesso à sacristia e a outra está emparedada — possuem molduras de cantaria contracurvadas, de arco abatido, com remate central de vieira bem relevada, inserida em pequeno frontão contracurvado. São precisamente estes pormenores que salientam o lavor setecentista por entre as obras de beneficiação, mais antigas ou recentes, a que o templo assistiu.
O coro de madeira, com balaustrada e acesso pela torre, sublinha a simplicidade geral que emana o interior da igreja. À semelhança do da capela- mor, o teto da nave é obra do padre artista Manuel Mendes que, aqui repete e amplia a figuração, evocativos e ornamentos, inserindo, desta feita, a representação central de Nossa Senhora.
Destacam-se ainda as imagens de dois anjos tocheiros do século XVIII, um Santo António da mesma época e um S. Sebastião de provável filiação setecentista. Inserida num pequeno socalco erguido entre os vinhedos e cingida por pequeno paredão construído em 1979, encontra-se esta capela de planta retangular completamente descaracterizada.
Está rebocada a branco, com rodapés, moldura da porta, cornija da frontaria, carteias e cruz em relevo pintados de negro.
Denunciando um mau estado de conservação, a fechada de cimento abre- se com um portai simples, de moldura superiorao estilo art deco,sobrepujado por uma carteia cega. As duas janelas retangulares laterais ao portal, que em tempos possuiu, foram parcialmente tapadas com a inserção interior de óculos ovais com molduras de cimento. O mesmo material releva uma cruz florenciada, colocada na frontaria, sobre a carteia já referida.
As cornijas laterais são de madeira pintada de azul e, no telhado de duas águas, dois diminutos pináculos piramidais, concebidos em cimento, ladeiam uma cruz central florenciada onde, uma vez mais, o atual cimento tenta reparar uma anterior mutilação.