Igreja Paroquial de Santa Eulalia – Cumieira
O templo de Santa Eulália é de fábrica mais recente (1729), em relação à criação da paróquia. A nível de pinturas no interior atribui-se ao “arquitecto” toscano (Nicolau Nasoni) a sua intervenção directa ou indirecta, embora se afirme categoricamente que foi ele quem trabalhou nela “a expensas do mecenas Conde de Mateus, naquele tempo, senhor da Cumieira”. Atribuem-lhe as pinturas do tecto (infelizmente substituído) e as das paredes ofuscadas pela sobreposição de cal.
Sobre o portal (de entrada), já no interior (guarda-vento) gravaram a seguinte inscrição latina, e com a seguinte disposição:
NICOLAO NASONIO, SENENSIS PINGEBAT, ANNO 1770
Portanto, três anos antes do falecimento, Nasoni entrou nesta igreja. Na face oposta, pelo lado de dentro (ao fundo da nave) surge outra data: 1779.
Trata-se de um dos mais belos (e espaçosos) templos do Concelho, cujo interior deslumbra pela profusão da magnífica talha dourada (joanina), destacando-se um conjunto de valiosos (e sumptuosos) retábulos de talha da mesma época. Imagens de muito valor artístico (século XVII/XVIII), e uma custódia seiscentista completam o valioso recheio de arte sacra.
O retábulo do altar-mor é um belíssimo trabalho de feição barroca elaborada, com as imagens da padroeira (no lado direito ou do Evangelho), e a de Santo António (no lado da Epístola). O trono é de rara beleza proporcional aos entalhamentos deveras singulares. A sanefa que une as duas colunas do trono é igualmente de recorte delicado e de requintada preocupação estética com mais um pormenor a confirmá-lo: do lado oposto (e na mesma direcção) ficou outra sanefa do mesmo estilo (e recorte) para harmonizar e constituir par.
A teia (divisória) para separar a capela-mor da nave (ou do povo) é de madeira (exótica) trabalhada com delicados entrançados, e há duas peças móveis do mesmo estilo (nada destoa) uma de cada lado da estrutura do arco do cruzeiro que, abertas através das dobradiças, serviam de originais confessionários. Uma solução engenhosa de economia do espaço.
O arco (do lado da nave) é também revestido a talha que faz ligação aos altares laterais (um de cada lado). Ao fundo da nave sobressaem mais dois retábulos de talhas de belo feito, cada um com sua sanefa a servir de dossel, e ainda os altares da Senhora da Conceição representada em valiosa imagem (do lado direito), e o do lado esquerdo onde (dentre outras imagens) sobressai a representação iconográfica da antiga (e rara) invocação de Nossa Senhora da Breya, coroada, e de mãos postas, que terá pertencido a antiquíssima capela desaparecida, e conhecida pelo nome da titular.
Dois púlpitos (um em cada flanco) e quatro janelões da nave enfeitadas com sanefas de madeira trabalhada (como as restantes) dão equilíbrio, luz, e graça ao interior recatado do artístico templo. Junto ao guarda-vento fecham a nave mais dois altares, cada um com o seu sacrário. O do lado do Evangelho ostenta uma imagem de Cristo vestido de Túnica (sentado) e de mãos amarradas (joelhos chagados), carregado de dramatismo. Um templo que vale a pena ver…e admirar.
Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto-Lei nº 08/83, de 24 de Janeiro de 1983.